A paixão pela língua portuguesa e a vontade de a fazer chegar ao maior número possível de pessoas funcionam como móbil do projecto "Voluntários da Língua Portuguesa" do Distributed Proofreaders (do Projecto Gutenberg,) que visa disponibilizar obras portuguesas na Internet a custo zero. «O facto de a Net não ter fronteiras é excelente, quer para angariar voluntários para a iniciativa, quer para fazer chegar os livros em língua portuguesa em formato electrónico (e-books) a qualquer parte do mundo», declarou Rita Farinha à agência Lusa. A coordenadora da vertente de língua portuguesa explicou qual o trabalho dos 171 voluntários - «entre portugueses, brasileiros e imigrantes portugueses na Holanda, Luxemburgo ou França» - que gastam horas a comparar e rever páginas e páginas de livros antigos. «Quando um livro é digitalizado, as suas páginas ficam no formato de imagem, cabendo ao computador fazer uma leitura que converta o texto outra vez em letras - é o processo de Reconhecimento Óptico de Caracteres», explicou Rita Farinha. Porém, «os computadores conseguem, na melhor das hipóteses, uma precisão na ordem dos 90%, o que significa que ocorrem 10% ou mais de erros de reconhecimento, sendo indispensável que as páginas passem por uma revisão humana», acrescentou a responsável. «O livro completo destina-se à base de dados do Projecto Gutenberg, onde fica acessível gratuitamente já em formato de texto, o que permite a leitura por computadores de pessoas com deficiência visual», assinalou ainda. Rita Farinha, que entrou para o projecto como voluntária em Setembro de 2004 e passou a coordenadora três meses depois, revelou ainda que «o facto de os livros serem antigos dificulta ainda mais o Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR)». Assim, cabe aos voluntários estabelecerem a comparação entre a imagem da página e o texto resultante da conversão, «sendo cada página revista por cinco utilizadores diferentes, de modo a que não passem erros para a versão final do texto», indicou a coordenadora. Até 2004, «existiam apenas 8 obras em língua portuguesa» neste projecto de cariz internacional, mas o número actual é de 81 livros, «incluindo títulos de Eça de Queirós, Cesário Verde, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Ramalho Ortigão ou António Nobre». Segundo a corodenadora, «apenas obras que estejam no domínio público podem entrar para a base de dados», havendo mais de 110 livros em língua portuguesa a ser processados, «alguns há dois anos», pois a rapidez varia com o interesse que as obras despertam nos voluntários. Neste momento, a Língua Portuguesa ocupa o oitavo lugar entre os 50 idiomas ou dialectos do projecto, que em inglês se designa por Distributed Proofreaders.
A Biblioteca Nacional é a principal entidade a facultar obras em Língua Portuguesa, nomeadamente através da iniciativa Biblioteca Nacional Digital, mas o projecto tem também parcerias com a Biblioteca Gálica, em França, e as bibliotecas da Universidade de Toronto, no Canadá, revelou Rita Farinha, que criou um sítio de apoio aos voluntários. O blog Página a Página contém informação sobre os livros concluídos e em processamento, estatísticas mensais, acesso às regras de revisão e formatação, ou seja, funciona como "veículo de comunicação do projecto", rematou ." Fonte: Agência Lusa - 21-3-007Etiquetas: Bibliotecas Digitais e Virtuais, Fontes de Informação, Livros e Leitura, Projectos / Iniciativas Internacionais |